segunda-feira, 29 de março de 2010

Dás-me o teu sorriso?

Eram 19h30 e o Sol começava a fugir. De certa forma isso tornava as coisas mais fáceis. Assim ele já não tinha que a ver a chorar, já não tinha que ver como os seus olhos se enchiam de lágrimas a cada palavra dita. Ele já não sabia que fazer. Tinham-se passado várias horas e não tinham saído do mesmo sítio, não se tinham mexido sem ser para brincar com os dedos um do outro, e não tinham dito mais do que "desculpa". Ele perguntava-se como as coisas tinham chegado àquele ponto, culpava-se por deixá-la naquele estado, desesperava por não saber o que fazer. Só queria voltar a vê-la sorrir. Ela encolhia-se com medo da noite, com medo de ficar só, com medo de não parar de ter medo. Eram horas de ir embora, já estavam atrasados. Era o costume. Caminharam de mãos dadas, em silêncio, com a intimidade de quem sabe que tudo o que precisa está a um abraço de distância. Lá fora ouvia-se a escuridão e o som dos passos dados. Mas apenas pensamenos difusos ecoavam nas suas cabeças. Despediram-se. Ele abraçou-a com força, ela pediu-lhe que não partisse. Ela afastou-se com os olhos molhados, e ele corroído pela tristeza de um final infeliz. Perguntaram-se quando seria a próxima vez. Se haveria próxima vez. O que ele não sabia é que ela apenas precisava que ele lhe dissesse que ia ficar tudo bem.

12 comentários:

  1. Sílvia, adoro a tua escrita!
    Um beijo grande e um sorriso ainda maior;)

    Miguel

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  2. Ai, que triste ! =/
    Mas amei !
    Vai ficar tudo bem !

    boa semana pra ti !

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  3. Oi, Sílvia.
    Um texto bem característico das eternas incertezas do amor...

    Beijo pra você.

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  4. As despedidas, às vezes são tão dolorosas!

    Muito envolvente, o texto!

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  5. Silvia apareci pra visitar-te! Gostei muito do blog, puxa, textos inteligentissimos e cheios de sentimento, tá de parabéns. Agradeço também por sua visita ao meu humide espaço. Espero conversarmos mais vezes. Béjo, Sollo

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  6. Ah... Que lindo, Sílvia! Bonito trabalho com as palavras, que se tornaram intensas e que, como bem disse a Dade, refletem as características próprias do amor, desse caminho incerto, doloroso e, ao mesmo tempo, gratificante e revigorante. Beijo

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  7. Ah... Que lindo, Sílvia! Bonito trabalho com as palavras, que se tornaram intensas e que, como bem disse a Dade, refletem as características próprias do amor, desse caminho incerto, doloroso e, ao mesmo tempo, gratificante e revigorante. Beijo

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  8. Sílvia,
    já fiz isso. Já quis pedir pra ficar, já quis ouvir que ia ficar tudo bem.

    Beijo,
    Nara

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  9. Olá Sílvia! Adorei sua escrita, sua alma na ponta dos dedos, a digitar preciosidades como essa:
    "Caminharam de mãos dadas, em silêncio, com a intimidade de quem sabe que tudo o que precisa está a um abraço de distância"
    Parabéns, ganhasse um leitor!
    Abraço forte e Feliz Páscoa!

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