quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Faltam-me as cores

Era suposto ser cinzento, mas amanheceu azul. Porquê azul? Porque não como era suposto ter sido? Já nada é como devia ter sido... Saímos à espera de vermelho e apenas encontramos o preto; retiramo-nos em busca do branco e somos assolados pelo cinzento. Aí sim, há cinzento, mas não quando devia ter havido. Pois o que devia ter sido nunca o é, pois está tudo trocado, pois já nada faz sentido. Queria pintar a minha vida mas não havia as cores que queria, e agora que procuro o branco tenho a paleta vazia... Quero pegar num pincel e fazer um risco por inteiro, quero aprender a desenhar as sombras, a acabar com os borrões de tinta e a preencher as linhas que estão a tracejado. Falta a emoção, falta o frio, falta o calor; tudo o que eu vejo está a preto e branco e já nem sequer amanhece cinzento. Quero mudar o que vejo, quero mudar o que pinto, quero formas mais distintas e um desenho que valha a pena ser visto. Quero tudo; faltam-me as cores.

2 comentários:

  1. Nini, muito bonito! As lágrimas bailam nos meus olhos... Daqui consigo ver os teus, flamejantes, pungentes. O seu castanho pardacento é uma sombra aparente. Neles vejo uma espécie de sábio dentro da paleta. Um sábio que pinta o mundo de todas as cores!
    Adoro-te!

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