sábado, 30 de janeiro de 2010

Ensina-me a voar

Lembras-te quando o mundo desapareceu e nós fugimos com ele? Isto é tudo satírico, cheio de coisa nenhuma, onde o único objectivo é uma pessoa perder-se do resto visando encontrar absolutamente nada. Mas nada é tão subjectivo. Se eu encontrar nada terei encontrado alguma coisa, logo não estarei com nada, mas com alguma coisa que valerá nada. Mas se tivéssemos nada, qualquer coisa seria boa; mas estando cheios com nada já não há espaço para o tudo. Sabes aqueles cantinhos que estão sempre reservados? Basta que mude a comissão organizadora que eles mudam também. Encolhem-se. Estreitam-se. Ficam mais pequenos. Quase invisíveis. Eu sinto o meu cantinho invísivel. Vamos enchê-lo de cor? Todo aquele verde, todos aqueles tons de verde. Oh, verde sim, é sempre o verde, sempre foi... Desde o início até agora. Menos agora. Porque agora não é verde. Agora é nada. Deixou de não ser nada para passar a ser nada, e eu sinto falta de quando era alguma coisa. Vamos largar tudo e correr? Correr, não, voar. Leva-me contigo... Podes? Queres? Ensinas-me a voar?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

Queria mudar o mundo, mas mudei

Se perguntarmos a uma criança o que ela quer ser no futuro, de certeza que ela nos vai responder algo como médico, bombeiro, astronauta ou músico. Isto porque desde cedo todos temos ambição, todos queremos ser conhecidos e reconhecidos pela ideia de termos feito a diferença, quer no campo da metafísica, medicina ou simplesmente da música que passa nos bares e discotecas. Aquilo em que ninguém pensa é no que temos de passar até chegar lá, e este é o mal da sociedade. As pessoas limitam-se a acordar de manhã, e a achar que salvaram o mundo à tarde, a tempo de estarem em casa para jantar com a família. Mas o que é facto é que elas nem se salvam a si mesmas. A maior parte de nós limita-se a viver na ilusão do que queremos ser e não do que somos realmente; do que queremos para nós e não das consequências que isso traz. Gostava que as pessoas ganhassem consciência do que se passa nas suas vidas, na relação com os outros; que não se limitassem apenas a ver aquilo para que querem olhar, até porque às vezes nem isso conseguem ver. É mais fácil alimentar a ideia de que somos o que não somos, do que aceitar que não o somos realmente, pois isso seria admitir que perdemos. A verdade é que há muita gente que faz a diferença, muita gente que importa, mas que importa porque se importa, e essa gente, sim, merece respeito. Quanto a todos os outros, devemos tentar estabelecer metas, definir objectivos, e não nos limitarmos a andar por aqui, porque quando dermos por nós já nem energia temos para andar, e aí limitamo-nos a ficar à mercê de alguém, que, tal como nós, também vai achar que merece mais do que aquilo. Vamos tentar prestar atenção ao que se passa em redor, e fazer alguma coisa quanto a isso. Mas acima de tudo temos que lembrar-nos que o redor começa em nossa casa, naquilo que não queremos ver. Eu queria mudar o mundo, mas mudei. E mudei quando percebi que aquilo que posso fazer está demasiado perto para que sejam os outros a reparar. Eu queria mudar o mundo, mas mudei.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mãos frias

Pediste uma oportunidade, disseste que tudo ficaria bem. Mas entre tudo o que foi e não foi dado, muito pouco foi conseguido, e já não sei se tudo ficará bem. Quero acreditar que sim, tal como acreditei em tudo o resto, ou como me esforcei por acreditar. Porque o todo é muito mais importante que as partes, mas sem as partes não consigo completar o puzzle... Tudo o que disseste ser bom, foi óptimo de facto, e o que se passa agora não devia passar-se, pois tal como disse, o todo é mais importante que a soma das partes. Vamos encontrar o nosso mundo, ainda que esteja another thousand miles away, pois o mundo só é verdadeiro mundo quando nos fechamos do resto e nos encontramos a nós. Queria sentir isto tudo, e não apenas por escrito. Queria poder continuar a aquecer as tuas mãos, mas, desta vez, são as minhas que estão frias...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Faltam-me as cores

Era suposto ser cinzento, mas amanheceu azul. Porquê azul? Porque não como era suposto ter sido? Já nada é como devia ter sido... Saímos à espera de vermelho e apenas encontramos o preto; retiramo-nos em busca do branco e somos assolados pelo cinzento. Aí sim, há cinzento, mas não quando devia ter havido. Pois o que devia ter sido nunca o é, pois está tudo trocado, pois já nada faz sentido. Queria pintar a minha vida mas não havia as cores que queria, e agora que procuro o branco tenho a paleta vazia... Quero pegar num pincel e fazer um risco por inteiro, quero aprender a desenhar as sombras, a acabar com os borrões de tinta e a preencher as linhas que estão a tracejado. Falta a emoção, falta o frio, falta o calor; tudo o que eu vejo está a preto e branco e já nem sequer amanhece cinzento. Quero mudar o que vejo, quero mudar o que pinto, quero formas mais distintas e um desenho que valha a pena ser visto. Quero tudo; faltam-me as cores.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Timeless

Quando os dias são todos iguais, as horas nem se distinguem. O problema é que todos os dias são iguais e no entanto cada hora que passa nos acentua mais essa ideia. Devíamos parar todos os relógios e ver se o tempo continuava a correr. Não por uma hora ou duas, mas por vários dias ou anos. Gostava de ver o que vai vir a seguir, pois o que vejo agora é diferente do que via antes e no entanto nem o vi a mudar. Assim, ao menos, talvez se visse a diferença. Talvez. Ou talvez acordasse num dia exactamente igual a todos os outros. Quem sabe. Mas ao menos tentar, ou sentir que tentei fazer a diferença, já que a não posso ver. Mas no entanto os dias correm devagar e o tempo corre depressa. A manhã torna-se noite mais devagar do que o Verão se torna Inverno, e eu peço para parar. Porque o que foi vivido já não o é, porque o passado continua no passado e porque o futuro teima em não chegar. E as palavras não ditas, essas, continuam por dizer.